Monday, March 31, 2008

Parte III - O Gigante

A árvore chama-se Grizzly Giant, uma nomenclatura que faz referência ao urso “grizzly”, que é nada mais que o Urso Cinzento (Ursus arctos horribilis) que pode atingir 3 metros de altura e 700 kg de peso.
Trata-se de uma das maiores e mais velhas Sequoias do Mariposa Grove com uma idade estimada de 2700 anos. Ao aproximarmo-nos da sua base, olhamos para cima… um ramo virado a Sul tem quase 2 metros de diâmetro (na foto, estende-se para a direita), e aquele “mísero ramito” é mais largo que o tronco de qualquer árvore não-Sequoia presente no bosque.
De seguida, mostramos imagens de uma acção impensável nos nossos dias: cavar um túnel numa árvore destas, para turista ver e passear por baixo, de carroça. Havia duas sequóias transformadas neste tipo de aberração-atracção no bosque. A Wawona Tunnel Tree e a Califórnia Tunnel Tree. Quanto à primeira, mutilada em 1881, colapsou em 1969, morrendo 1000 anos antes do que sucederia naturalmente. Não obstante, são referenciados os benefícios que a fama e as imagens deste mártir trouxeram para a preservação das suas congéneres.
A foto da segunda árvore publicitam as machadadas feitas em 1895. Sente-se um misto de sentimentos quando te vês no interior destes gigantes. Não é suposto estar ali. Porém… que grande honra é poder estar, de pé também com ela. Qual destes o maior companheiro?...

A terminar esta série de ensaios sobre estas maravilhas, recordamos uma das várias placas informativas que se erguiam corajosamente por entre a camada de neve. Tinha como título “quando a fraqueza se torna força”. Explicava que, devido à constituição do tronco das Sequóias ser composto maioritariamente de casca ao invés de madeira maciça, tornaram-se pouco atraentes para os madeireiros que, quando as cortavam as viam estilhaçar mal tocavam no chão.
Sorte a nossa.


Parte II: The Fallen Monarch

Mal entramos na Mariposa Grove, lar das Sequóias gigantes, à direita vimos o Monarca Caído. A foto, datada de 1899 da Cavalaria dos EUA com a respectiva montada, é elucidativa quanto ao seu tamanho. Nos westerns, a Cavalaria chegava sempre no fim... neste vosso blog mais ocidental, a tradição já não é o que era.
Estima-se que a sua morte ocorreu há 300 anos. Por estar coberta de neve, quando lhe prestamos vassalagem, não temos fotos que demonstram a sua grandeza e estado de preservação. Este último, deve-se ao tanino na madeira, que anula o crescimento inicial de fungos e de bactéria, atrasando a sua decomposição. Aqui, a vista possível das suas raízes.


As sequóias, em lugar de raízes profundas (apenas chegam a 2 metros de profundidade) possuem raízes espalhadas que distam até 150 metros, proporcionando uma base estável para os seus troncos massivos e fundos de fotos dignas de registo.

Na imagem seguinte, a nossa companheira de viagem Imme dá nota da sua baixa estatura enquanto cidadã alemã e do mundo, diante daquela àrvore que prendeu o olhar do João na fotografia publicada no post “Porque as palavras são poucas”. Agora percebem porquê.


Por último, e porque as grandes criações vêm em trilogias, Parte III – O Gigante.

Saturday, March 29, 2008

Soma e segue

A licença, desta vez, é para conduzir. Parabéns ao licenciado.
Contará como o bi, o tri ou o tetra deste sequioso?
Todos os magnolianos foram considerados como aptos para seguir estradas encaracoladas...




...ou de rectas infindáveis.



Responsáveis, como sempre, para além das habituais cautelas na condução, tomamos a vez de provar o vinho californiano e de beber águinha.



Yosemite Falls

Thursday, March 27, 2008

Parte 1,5

Contextualização:
Yosemite National Park está situado na parte central da Sierra Nevada da Califórnia e foi designado Património Mundial em 1984. Yosemite é reconhecido internacionalmente pelas falésias graníticas, riachos de águas cristalinas, pelos bosques de Sequóias gigantes e pela sua biodiversidade.
Com uma área maior que o distrito do Porto (303514 hectares, 3108 km’s quadrados) é composto por milhares de lagos, 2575 km’s de riachos, 1287 km’s de trilhos, 563 km’s de estradas e vê nascer dois rios “federalmente” categorizados de selvagem e cénicos.
O parque recebe mais do que 3,5 milhões de visitantes, que concentram a sua presença nos 18 km’s quadrados do Yosemite Valley.
Legendagem das fotos anteriores:
1. Mariposa Grove of Giant Sequóias
Algumas destas árvores que encontramos podem ter ultrapassado as suas 3000 primaveras. Não são a espécie que vive mais tempo ou nem a mais alta. A sua válida distinção de gigante decorre do facto de serem, em termos de volume total, o maior ser vivo que o ser humano conhece. A linguagem corporal do João é mais que clara... porra que mastodontes!
2. Yosemite Falls
Trata-se da cascata mais alta da América do Norte com os seus 739 metros. O trilho percorrido, construído entre 1873 a 1877, perfazia um total de 11,6 km’s (ida e volta), com uma diferença de altitude de 823 metros entre o ponto de partida e o cume. A fotografia tem apenas a nossa altura e foi tirada na viagem de regresso, quando a queda maior que tínhamos era pelo jantar.
A propósito, na Parte II, teremos a história e imagem d'O Monarca Caído.
==================================
Acusamos a recepção do primeiro postal com cheirinho a Portugal.

Obrigado Xana!

Wednesday, March 26, 2008

Saturday, March 22, 2008

Branco é…

E nós é que os vamos pôr. Não há Páscoa sem eles… kilómetros! Neste ano vamos colocar 7 horas de números brancos no “conta milhas” do Bequerel (unidade de radioactividade, igual a uma desintegração por segundo; lê-se a partir da matrícula, BQL,... bah, piada de cientista!).










Motivo? Yosemite National Park. Sequóias, quedas de água, terreno selvagem, possíveis encontros com ursos…
Mais? Branco mais branco não há. Cores só nas fotos do próximo post. Voltamos na terça.
Boas festividades de início da Primavera.

Tuesday, March 18, 2008

Ainda não é… mas parece

Primavera.Há quem nos peça fotos do carro, outros de nós próprios, e pensamos antes fazer uma colecta de ideias, uma sondagem de opinião para poder auferir as necessidades voyeuristas dos nossos queridos leitores. Coloquem o pedido na caixa dos comentários.
Para já, ficam estas que incluem a ponte sobre o Goleta Slough (onde passa a ciclo via, atrás fica a torre de controle do aeroporto e a serra Santa Yñes), o fim da Fairview Route (à esquerda, acesso à praia, à direita, UCSB) e a bicla da moça frente ao pontão do Goleta Beach (10 min de casa). A hora extra de sol permite percorrer a ciclo via entre a nossa casa e a universidade ainda com luminosidade suficiente às 19h, em que temos estas vistas...



... que abrem o apetite para o começo do dia, e sabem bem após um dia de trabalho, pilates ou futebol misto.
Pois é, abriu a época oficial dos jogos e, como o futebol daqui joga-se com as mãos e aquele que pertence aos membros inferiores não aufere muitos adeptos, as respectivas namoradas lá têm de se desequipar do fato de cheerleader e calçar as chuteiras. Entre a presença feminina no campo acrescido do facto destes jogos serem disputados entre colegas cientistas/físicos, a palavra mais ouvida é “sorry” o que não apela ao espírito guerreiro. Há a esperança que, com o torneio “Intramurals”, haja uma alteração do estado da “nação-futebol” no KITP.
Ontem foi o dia de Saint Patrick, o patrono dos irlandeses. Estes, devem-se ter ficado pela margem Este do país. Não houve lugar a enormes paradas enfeitadas de trevos, duendes, música irlandesa e muita muita cerveja entre a multidão vestida de verde e a fazer partidas aos vestidos de vermelho (um pouco como na 1ª Liga, neste fim-de-semana). A contribuir para esta não-festa (que mesmo assim ocupa um paragrafo neste post) a massa estudantil que aderiria à cerveja de certeza, encontra-se na época de exames.
A Páscoa se avizinha a passos largos… pois a publicidade dos supermercados já faz promoções das toneladas de chocolate em forma de ovo ou coelho e embrulhado em tons pastel que tem em stock! A indústria chocolateira deve, de facto, adorar estas festividades cristãs!
O passado domingo teve duas revelações que nos flagraram os preconceitos que temos quando se trata de duos masculinos.
Revelação número um. São 8 da manhã de Domingo e acordas sobressaltado com o som de alguém a bater à porta do teu vizinho. Para conseguires ouvir, é porque empregam força suficiente para provocar contusões, porém insistem, sem hesitar, durante os próximos 10 min. (na íntegra e de verdade). Levantas-te para ver quem estará a profanar o descanso dos justos, a ser tão desconsiderado pelo bem-estar dos outros e tão grosseiro para não entender que, ou a pessoa não estava, ou não queria atender. Revelam-se os autores. Mal podes acreditar na lata da situação quando verificas que são dois testemunhas de Jeová. Então não era "Bate leve, levemente..."?
Revelação número dois. És convidado para jantar em casa de dois doutorados que partilham casa. Imediatamente pensas “pizza” e até pensas em levar sobremesa. Eis quando te sentas à mesa e é te revelado que, por um deles ser francês, vais deliciar-te com um repasto digno dos melhores restaurantes em Silicone Valley! A salada continha ingredientes como salmão fumado, pêra abacate, nozes e maçã. A carne assada vinha acompanhada por batatinhas em cubos, cebolinho assado no forno, tomates cozidos em açúcar e beringela com laranja. A sobremesa era uma espécie de profiteroles feitos de raiz, mas com recheio de chocolate e cobertura de caramelo, e para complementar havia morangos com chantilly. Nada de compra ou instantâneo. O moço começou a cozinhar às 18h dessa tarde!
A única coisa que te compensa é saber o quanto a tua mãe ficaria contente por saber que te andas a acordar cedo e a te alimentar assim tão bem!

Sunday, March 9, 2008

Uma Tri para comemorar o Bi

Dois meses depois da chegada, a promessa cumprida de bom tempo levou-nos a uma Sunday Loop por Lake Cachuma, Solvang, Buelton e Gaviota State Park. Ultrapassamos a cordilheira que nos cerca a Este para explorar o Vale Santa Yñez… com a sua própria e maior cordilheira a Este! A primeira paragem deixou-nos numa estação recuperada do antigo Stage-Coach Road, o caminho das diligências, tão retratadas em westerns. As casas continuam a dar abrigo aos viajantes, mas inovaram o menu. Servem à beira da estrada sandes grelhadas de Tri-Tip (que será da mesma zona que a picanha) a motards que exibem ruidosamente a sua cilindrada, enquanto um senhor canta e toca harmónica, acompanhado por outro senhor que marca o ritmo numa caixa vazia de vinho com baquetas de jazz.
Durante o festim à beira estrada plantados, as dezenas de pessoas apenas comentam o facto de passar duas corporações de bombeiros, uma ambulância e duas equipas de “busca e salvamento”, para resgatar uma pobre alma que deve ter caído para o riacho, junto ao local onde estacionamos os carros. Fomos tranquilizados pela expressão de 5 dos agentes à beira do dito local que, em cumprimento da sua missão no local, apenas conversavam amenamente e nos recordaram as suas congéneres portuguesas.
Decerto, um local a revisitar, pois a dita sandocha está bem colocada no palanque, junto com o pão com chouriço da Queima.
O caminho contornou o lago Cachuma cuja beleza só poderíamos descrever com imagens, não ficasse a maquina fotográfica a guardar a casa…
Adiante. Santa Yñes, sede do famoso e gigantesco casino gerido pelos Chumash, tribo desterrada pelos colonos em busca de ouro, evangelizada pelos espanhóis, que agora se converte a outros saques em que muitos devem desejar poder saldar as dívidas com o escalpe.
Próxima paragem: Solvang. Orgulha-se de ser a cidade mais Dinamarquesa dos EUA, pois foi local onde os colonos do dito país se fixaram para fugir do frio do interior americano… pois, como se estivessem habituados a passar o Natal em sandálias!
As ruas envergam nomes típicos, há o museu do Christian Andersen e até a Pequena Sereia encanta os modernos homens do mar, agora chamados surfistas. Nos cafés, há esplanadas (coisa rara por aqui) e retratos afixados das suas altezas, regentes da Dinamarca. Fotos, pois, eram boas, mas podem fazer uma pesquisa, ou melhor ainda, sejam surpreendidos quando fizerem este percurso connosco.

Wednesday, March 5, 2008

O diário que virou semanário

E até isso é inconstante. Pois é, o inevitável aconteceu. Como agora estamos a fazer coisas realmente importantes e engraçadas, já não sobra tempo para contá-las no blog.
Esta semana tem sido particularmente ocupada por colóquios (gratuitos, como as melhores coisas), promovidos pela Universidade. Na segunda, foi a vez do laureado fotojornalista Marcus Bleasdale, que retrata a crise humanitária na República Democrática do Congo e Darfur. Na terça o anfiteatro de Campbell Hall recebeu o cineasta, e recente candidato à Presidência da Argentina, Fernando Solanas e visionamos o filme Argentina Latente. Hoje, foi a vez da senhora economista Pietra Rivoli, autora do livro “As viagens de uma t-shirt na Economia Global" que, na opinião de muitos, deveria guiar a pasta de economia durante a presidência do Obama.
A possibilidade de ouvir os autores a apresentar o seu trabalho e a audiência a debater com estes as questões que a preocupam, deixam-nos não só optimistas quanto ao foco das cabeças pensantes (apesar de algumas ambiguidades, fruto dos oradores serem meros humanos), como também da massa estudantil americana (apesar da heterogeneidade que esse termo comporta).
Amanhã, porém, cremos que haverá sala cheia, com a rara presença pública do Major General António Taguba que guiou a investigação do Pentágono até às denúncias de abusos na Prisão de Abu Ghraib… Tendo visto a inclusão despropositada do tema da guerra em intervenções nas palestras já referidas, será um evento de entretenimento digno do prime-time da TVi!
Em temas do foro pessoal, adquirimos o carrão americano. Trata-se de um Ford Escort vermelho, cujas fotos procurarão fazer-lhe justiça numa próxima edição. Hoje, a senhora passou o exame de condução… SEM ESPINHAS!!! Para quem conhece a história da moça ou já andou com ela de carro (a voz do Artur Albarran entra agora em voz-off “o horror…”) desconfia que o registo do notável exame será emoldurado e colocado na parede do Palácio da Magnolia, qual prémio de caça. O senhor passou o exame escrito… à rasca, o que nos deixa sossegados quanto à sua dedicação à ciência e a tudo o que é realmente importante.
Agora, toca a publicar isto, colocar uma música catalã, nos servir de um cálice de Porto e brindar ao Filipe.