Thursday, June 10, 2010

Maningue Nice

Os dias passam num balanço entre o que faz falta e o que nao o faz.
Faz falta relatar. Faz falta ilustrar. Faz falta uma ligação à internet e ao mundo.

Entre observações silenciosas e perguntas ensurdecedoras, percorre-se o nordeste Moçambicano identificando no que se torna drasticamente diferente, e no que se torna tao familiar. Aqui há um povo educado para servir, famoso pelo sua hospitalidade. Aí também. Aqui falta fazer um pouco de tudo. Aí também. Aqui sobra gente desocupada, ocupando as horas com tarefas que pouco se relacionam com o termo tao ocidental de produtividade. Aí também.

Aqui os monumentos aos heróis passados tem mais lugar, a liberdade tem um sentido muito claro e os opressores sao bem identificados.

Vive-se num pais jovem, uma personalidade marcada pelos anos de violência, qual filha maltratada, entregue aos seus próprios desígnios, tentando (man)ter o controlo que nunca aprendeu a (man)ter.

Ou...

Vive-se num momento histórico, (igual ao momento passado por tantos outros países que só se conhece através dos livros de história), a caminho da sua própria história. Aquele momento preciso, como quando o açucar se encontra em ponto de rebuçado.

Ou...

Faz falta ter olhos novos, para nao fazer julgamentos precipitados, nao fazer perguntas viciadas, para nao tirar as fotografias dos postais, nao desejar fazer as mesmas coisas que, por se conhecer, nos parecem melhores.

Falta ver ao longe, ver ao tamanho correcto de um país, grande.